terça-feira, 26 de março de 2013

GLÓRIA MONTEIRO: “O sonho é o elevador da felicidade”



Praiense por nascimento, a poesia atravessa o seu imaginário desde muito cedo. Andarilha dos caminhos deste mundo, a poetisa já viveu nos Açores, reside actualmente na Holanda e, em Fevereiro último, lançou em Lisboa “Poesia das Lágrimas”


É a primeira obra poética publicada por Glória Monteiro. Mas a Poesia muito cedo se lhe colou à pele, na Terceira (Açores) para onde emigrou com a família. “Poesia das Lágrimas”, com chancela da “Chiado Editora”, viu a luz do dia e fez-se aos leitores em 22 de Fevereiro último na “Livraria Les Enfants Terribles”, na capital portuguesa, e contou com a apresentação do poeta Mário Matta e Silva, uma das referências poéticas de Glória. Cabo Verde Directo falou com a poetisa em Roterdão, aqui fica o registo da conversa.

Cabo Verde Directo: Para começar, gostaria que fizesses para os leitores uma breve apresentação da tua pessoa. Quem é Glória Monteiro?

Glória Monteiro: Isto de nos descrevermos é de facto uma tarefa complicada, principalmente a quem escreve poesia e encara o melhor e pior de si todos os dias com uma frequente mudança de interpretações de cada detalhe, por isso vou-me restringir a factos que facilmente se podem enumerar. Nasci no dia dedicado ao amor e aos enamorados decorria o ano de 1985, na cidade da Praia, em Cabo Verde. Sou originária de uma família humilde e bastante numerosa. Depois de um percurso escolar igual a tantos outros, terminei o Secundário e surgiu a possibilidade de rumar para outros mundos. O destino foi novamente uma ilha, bastante longe mas ainda assim com muita proximidade, das quais destaco a língua que me facilitou a integração. Na ilha Terceira [Açores] licenciei-me em Engenharia e Gestão do Ambiente, entre actividades como desporto e tuna. De seguida inscrevi-me no mestrado de Gestão e Conservação da Natureza que actualmente frequento. De outros factos relevantes na descrição de quem sou, saliento o de ser representante do Movimento Pró-África na Holanda, onde actualmente resido. Hoje não podia deixar de ser a Glória sem o amor da minha vida, um homem de 2 anos chamado Gabriel.

Fizeste o teu curso num arquipélago em Cabo Verde e nos Açores. Quais as similitudes entre os dois arquipélagos?

Existe um mundo de diferenças entre estes dois arquipélagos, as suas cores e seus cheiros, suas gentes e suas culturas, mas existe simultaneamente uma linha condutora que aproxima estes pedaços de terra distantes mas próximos do meu coração. Aspectos em comum são vários, o mar sempre presente no olhar e no aroma, a brisa permanente e salgada, as paisagens deslumbrantes são comuns. São diferentes em ambos os arquipélagos, claro, mas ambos nos fazem sentir pequenos perante tamanha obra divina. A beleza e serenidade do povo açoriano podem por vezes contrastar com a vivacidade e o calor das gentes de Cabo Verde. Mas se existe nos Açores uma ilha festiva, ilha essa que é de facto a Terceira, são as touradas, os bailinhos de Carnaval e as festas do Espírito Santo que perduram durante quase todo o ano. Esta vontade de festejar a vida é algo que encontrei em comum com as minhas origens. 

A integração foi fácil? Fala dessa tua passagem pelos Açores…

O povo açoriano tem vindo a crescer na percepção das dificuldades que um jovem enfrenta ao emigrar, algo que me ajudou a fazer também amizades fora do meio universitário, até porque existem muitos cabo-verdianos pelos Açores.

No entanto, quando cheguei à ilha Terceira foi difícil, tudo em mim eram saudades e por isso isolei-me e tive alguma dificuldade inicial em me integrar. Nessa fase sentia-me sozinha, e mesmo falando a mesma língua vivi situações em que me exprimia e não era entendida ou era mesmo mal interpretada. Mas, com o tempo, fui conhecendo as diferenças nas palavras e nas emoções das pessoas que ia conhecendo. E, claro, ao me abrir ao mundo ele também se abriu para mim e por isso essas dificuldades foram sendo ultrapassadas. Por outro lado, fui percebendo que a maioria dos alunos universitários da ilha é deslocado, ou porque é de outra ilha ou do Continente, isso ajudou a sentir-me mais igual. Momentos bons e maus temos em qualquer lado, mas a experiência nos Açores foi globalmente muito positiva, cresci, licenciei-me, deixei amigos para a vida naquelas ilhas. E até os momentos mais desesperantes de saudade tiveram o seu fruto: cada vez que me sentava e passava esses sentimentos ao papel.

Quando é que começastes a escrever? Sempre escrevestes poesia?

Tenho a escrita como um refúgio quase desde que me lembra de ser gente. Desde os meus 8 anos que escrevo, claro que na altura não sob a forma de poesia mas sobre a forma de uma criança, genuína, inocente e cheia de sonhos que sentia uma necessidade de extravasar sentimentos para um papel, tirar coisas do peito parece que as tornam menos pesadas, ainda hoje sinto isso. Marcou-me especialmente um evento, um concurso de literatura na minha escola primária, fiquei no terceiro lugar. Meu coração explodia de alegria e de orgulho por tal feito… Tinha um outro motivo especial para pegar numa caneta e num papel, meu pai era emigrante e sempre que a saudade apertava escrevia-lhe cartas. Desde então nunca parei…. é uma forma de a minha alma comunicar com o mundo exterior através das palavras.

“Poesia das Lagrimas”, é o livro que lançaste recentemente em Lisboa. Que particular razão te levou à escolha do título?

Escrevi este livro em momentos repletos de emoção. Imagino não ter escrito uma frase sem uma lágrima. Vivi intensamente a adolescência e juventude e esta “Poesia das Lágrimas” retrata a dor vivenciada nesse tempo, os turbilhões de sentimentos, os amores e desamores, as paixões que achamos eternas, a loucura sempre presente, os sorriso e as lágrimas, a dor e o desespero.

Qual a temática ou temáticas que te inspiram para escrever? Neste teu primeiro livro que género poético o leitor pode encontrar?

A única coisa que me inspirou foi a vida. É sobre isso mesmo que escrevo. Sobre as saudades, sobre crescer e sofrer, sobre amar. Tem tantos temas e tantos sentimentos diferentes que não dá para dizer um tema. As minhas poesias não seguem rigorosamente nenhum estilo, é como as nossas vidas que por vezes decorrem sem termos controlo. Escrevi o que me ia na alma e nada mais espero.

Que poetas te inspiram?

Adoro a poesia da Florbela Espanca, para mim é uma das melhores poetisas do mundo, e se tenho um ídolo ela seria de facto um deles, a forma como ela grita pelo amor, os detalhes que consegue exprimir em palavras são avassaladores. Quando leio a obra dela, desaparece o receio de expor a minha alma nua.

Cabo Verde tem marcado pontos também na Literatura, dos escritores cabo-verdianos, quem admiras? E quais influenciam a tua escrita, de Cabo Verde e deste nosso mundo?

Relativamente a Cabo Verde, gosto particularmente de Vera Duarte, desde pequena que a admiro, digamos que ela é a minha Diva cabo-verdiana. Mário Lúcio é, sem dúvida, um dos melhores, a simplicidade com que ele descreve os sentimentos é extraordinária e Danny Spínola também foi marcante para mim.

Em relação a poetas estrangeiros são um mundo deles, e sei que vou deixar imensos para trás, posso mencionar o Vinícius de Morais, Mário Matta e Silva, Pablo Neruda, Fernando Pessoa  Julião Sousa, Cecília Meireles…

A publicação de uma obra literária é sempre difícil. Quais as dificuldades que encontraste para a publicação do teu livro?

Penso que editar um livro é sempre difícil, mas essas dificuldades acrescem quando o possível mercado para o livro diminui. A Poesia tem um público limitado, e é difícil obter sucesso comercial. Sempre haverá um conjunto restrito de pessoas que gostam e, principalmente, compram poesia. É um nicho difícil de explorar. Com os tempos mais difíceis que se vive por Portugal e por essa Europa fora, que se reflete no facto de nunca ter conseguido trabalho na minha área de formação, uma das maiores dificuldades que tive foi financeira, mas com muito esforço o dinheiro nem parece importante, quando o sonho e força de vencer é maior. Espero que gostem desta minha partilha.

Depois do lançamento em Portugal, tens previsto fazê-lo em outras paragens?

Depois do lançamento em Portugal e arquipélagos, está prevista uma apresentação aqui na Holanda, no Luxemburgo e França. Solicitei também apoios para levar este meu contributo ao meu povo em Cabo Verde. Se tudo correr bem, ainda este ano estarei em Brokton com a ajuda do Movimentu Chokanti.

Como foi o lançamento em Portugal?

Foi um sucesso. Consegui demostrar aos meus leitores, que não há dificuldade que não se possa ultrapassar quando o sonho é grande, quero gritar-lhes com a expressão da minha face e com o desfolhar do meu livro que o amor abre todas as portas do sucesso, que o sonho é o elevador da felicidade.

Há quanto tempo vives na Holanda e como tem sido a tua integração?

Há cerca de um ano. A integração é tao difícil quanto a língua e o clima, mas a força de um objetivo de melhorar de vida vence quaisquer obstáculos.

Entrevista conduzida por Norberto Silva



















http://www.caboverdedirecto.com/index.php?option=com_content&view=article&id=2349%3Agloria-monteiro-o-sonho-e-o-elevador-da-felicidade&catid=42&Itemid=385

terça-feira, 12 de março de 2013

Sensualidade

Sensualidade

Quando toco nos teus labios levemente
Teu corpo masculo vai ao abondono
Fogo acorda e percorre docemente
Nesse corpo de mil orgasmo sereno

Entolada pelo poder de Deusa derrotada
Derramo aroma dos versos em Flores
Sorrindo com leveza gemidos e suores
Tudo torna acre-doce ate mesmo a vida

Teus olhos encerra brilho de diamantes
Tua lingua morde os meus seios maduros
Loucura escoa do prazer interminientemente
Por fim petalas do ventre debrota odores puros

quinta-feira, 7 de março de 2013

sábado, 2 de março de 2013

sexta-feira, 1 de março de 2013

Video Lancamento do Livro poesias das Lagrimas

Video Lancamento do Livro poesias das Lagrimas

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Joaquim Sustelo - Lancamento Poesias das Lagrimas

Encontramo-nos hoje aqui reunidos na apresentação do 1º livro de poesia da nossa amiga Glória Monteiro.

A Glória  é uma jovem que tenho o prazer de conhecer poeticamente através de um Grupo que criei na Net, há uns anos e que tem por nome Horizontes da Poesia.Ela entrou para o Horizontes em 23 de Novembro do ano passado, pelo que faz amanhã três meses que conheço a sua forma de escrever poesia.

Ora, o que é a Poesia? Todos sabemos, mas como defini-la?

Poesia, não tem definição. Ou talvez se possa dizer
que


e esta definição é minha.

Mas a melhor definição de poesia que vi até hoje, foi da minha amiga poetisa Landa Machado, em 2007, que acho uma maravilha (ela não achava rsrsr) e que peço licença para dizer aqui:


Poesia


Poesia não tem definição...
É tudo aquilo que nos toca a alma
Folha que o vento leva em turbilhão
As cores dum poente em tarde calma

 
Um pássaro que esvoaça em pleno céu
Um barco que navega pelo rio
A brancura da neve como véu
Envolvendo em silêncio um dia frio
Poesia é um rosto puro de criança
Um aceno de mão cheio de esperança
Um gesto que nos mostra amor... bondade...
 
Poesia,  é a tela de um pintor
Um botão a abrir-se em plena flor
Ou lágrima num rosto sem idade
 
Landa Machado
Lisboa, 22 de Março de 2007
Em “PARA ALÉM DO HORIZONTE…”


Poesia é tudo isto. E tem uma particularidade: não convém que seja muito descritiva. Torna-se mais bonita com o uso de metáforas, isto é, empregando palavras em sentido figurado, ou  substituindo palavras por outras que tenham uma comparação com elas subentendida.

Ora, a nossa Glória, é ainda uma jovem. E tem – dizia-me ela há dias – alguma dificuldade no português, por ser natural de cabo Verde e falar crioulo (Língua de base lexical portuguesa, falada em Cabo Verde, que engloba diferentes variedades.)

Mas isso não importa para um poeta, pois há formas de ultrapassar a situação, como sabemos. O mais difícil, sim, é ter um espírito poético e saber empregar a linguagem metafórica, oferecendo ao leitor imagens de grande beleza. E esta parte, a Glória sabe fazê-lo muito bem.
Atente-se nestes exemplos:

1.     No poema GRITAR O MEU NOME ela escreve:

“Vesti das nuvens para te fazer sorrir
Engoli toda a luz
Para te fazer brilhar com os meus beijos

Roubei arco iris para te colorir de alegria
Abandonei meu sorriso no infinito…

Bebi toda a água da tua alma
Para não te cair nenhuma lágrima

2.   No poema MÃE cria estas imagens  lindíssimas:

Mãe é uma flor,
Regada de astros

É um cobertor
Derramando luz

3.   No poema CARÍCIA diz-nos:


Resido no teu olhar vivo
Onde apenas sangue se comunica

A delícia do teu falar calórico
Enche meu coração de grandeza.


E mais exemplos poderia dar, apesar de ainda lhe conhecer tão poucos poemas.

Glória, neste dia tão importante para ti, vim aqui para te parabenizar por este espírito tão bonito que vislumbrei desde que entraste para o Horizontes da Poesia. E não fui só eu, já que tens lá muitos comentários de poetas e poetisas que se deliciaram com a tua forma de escrever.

Parabéns por este teu filho-livro que, por experiência, sei o quanto nos alegra vê-lo nascer. Desejo-te os maiores sucessos com ele!

Ninguém sabe o que a vida nos reserva. Mas peço para ti uma vida plena de amor, saúde, alegria e imenso sucesso neste mundo onde em boa hora decidiste entrar. Conta comigo para o que estiver ao meu alcance!

Por último, parafraseando um verso teu “Só vim aqui para ouvir… e gritar também o teu nome.”

Felicidades.

Joaquim Sustelo

Mario Matta e Silva - Apresentador do Livro - Poesias das Lagrimas

GLÓRIA SOFIA VARELA MONTEIRO, nascida em 14 de Fevereiro de 1985, tendo completado este mês, precisamente no dia dos namorados, 28 anos.
Nasceu na cidade da Praia em Cabo Verde e depois de terminar o liceu foi viver para os Açores, onde se licenciou em Engenharia e Gestão do Ambiente. Actualmente prepara o mestrado em Gestão e Conservação da Natureza. Reside presentemente na Holanda.
Colabora no jornal Liberal on-line, de Cabo Verde e noutros sites de poesia.
De uma personalidade dinâmica e criadora evidencia uma sensibilidade muito profunda que se reflecte nas mensagens poéticas que constrói, e que, neste livro, deixa para a posteridade.
Lutando pelos valores e pela cultura africana dinamiza o movimento Pró-África, na Holanda.
Em Portugal viveu os seus tempos de mulher adulta, debatendo-se com várias contrariedades entre elas a falta de perspectivas de emprego que a levou a emigrar. Na cidade da Amadora frequentou a Tertúlia Poética, Sempre Acontece Poesia, onde trocou saberes e angariou simpatia.
Da poesia que nos deixa neste seu primeiro livro POESIA DAS LÁGRIMAS, grava o amor, a angústia, e até a revolta, sem esquecer porém o trilho da esperança que percorre com ânimo e fé.
A beleza das palavras de cada verso, estrofe ou poema reveste-se de um deslizar  de lágrimas sentidas que nos toca a todos como seus leitores.
A esforçada teimosia que Glória impôs a si mesma e ao Mundo que a rodeia, para “parir” este outro acarinhado filho, dá-nos a oportunidade de estarmos aqui, perante ela, numa demonstração de calor e de afectos. Os meus parabéns Glória. 22 de Fevereiro de 2013 - Professor Mário Matta e Silva

Asemana Online Cabo Verde

Glória Monteiro lança “Poesia das Lágrimas” em Lisboa
22 Fevereiro 2013
“Poesia das Lágrimas” é o primeiro livro da jovem poetisa Glória Monteiro. O lançamento da obra acontece esta sexta-feira, 22, às 18 horas, na Livraria Les Enfants Terribles, na cave do Cinema King, na Rua Bulhão Pato nº1. Gloria Monteiro é uma jovem cabo-verdiana residente na Holanda e ’Poesia das Lágrimas’ é, segundo ela, "a concretização de um... grande sonho pessoal".

Mário Matta e Silva será o orador convidado da obra “que é composta por versos livres, rimas e sonetos, um desabafo de uma menina moça, apaixonada pelas pequenas coisas que a vida proporciona. Descreve sentimentos de amor que amarguram mas fazem crescer, que matam mas que simultaneamente dão vida”.

AC
in: http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article85150